quarta-feira, 24 de março de 2010
Um soneto entre pedra e água
Um soneto entre pedra e água
Entre pedra e água está tudo que eu mais quis
e, se não quisesse, seria outra história, outra
invenção, com os fantasmas sob as escadas,
no vão das almas, em qualquer lugar nenhum,
para os liames do princípio ao fim, e quem que
entenda do traçado, padre, bispo ou os cavalos,
que venha destrinchá-los, e o mais são reservas
de paciência para o futuro abstrair, ou trair, sim,
que de traições é feita a vida, essa ferida bem mal
curada, sempre aberta, para o azul, o céu e o mar
que nos chama de longiperto, com as fauces loucas
às escâncaras, soltando fogo, chamando, chamando,
com insistência de velha a fiar o tempo na roca da vida
e babando a baba negra da morte, como um ácido fervendo.
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sexta-feira, 19 de março de 2010
Uma orquestra no telhado
André
tenho um pé na banda e outro no gibi
tenho uma orquestra no meu telhado
tiro um banquete do meu teclado
jogo basquete de motocicleta
com o diabo na garupa
chupando cana e assobiando
pensa que é poeta, o capeta
e nem é mulher fogosa
nem menino com todos os desatinos
e termino dedicando noturno
este anti-poema para a alexandra
e para o raul ao luar
que o andré não arrede pé
deste poema sem pé
mas que quer seu lugar no espaço
entre as estrelas luzindo no infinito
ou no pó das coisas sem nome
além da infinita fome de poesia
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