quinta-feira, 28 de julho de 2011

MENSAGEM NA GARRAFA


Escreveu o seu último poema
esforçou-se para dizer tudo
de sua dor estranha num mundo estranho

Enrolou a folha com o poema
enfiou numa garrafa
jogou nas ondas do mar

E ficou imaginando se alguém o leria



quarta-feira, 27 de julho de 2011

A MENDIGA


Ela me estendeu a mão
me olhou com uma lágrima
escorrendo na cara suja

Eu enfiei a mão no bolso
não encontrei nenhum dinheiro

Ela não se importou
segurou a minha mão e disse
Estou tão sozinha como se fosse morrer



segunda-feira, 25 de julho de 2011

A CARTA


Abriu a carta com cuidado
(quando ainda se escreviam cartas)

Tirou de dentro um papel em branco
meio amassado, meio molhado
(marcas de lágrimas talvez?)

Apenas um papel em branco



terça-feira, 19 de julho de 2011

Relógio

As horas caem
com estupor
no poço do tempo.

Algumas se afogam
para jamais.

Nada se sabe das sobreviventes.
Nem se de fato existiram.

sábado, 2 de julho de 2011

NO INFINITO


As duas linhas encontram-se no infinito
onde o meu grito morre só.

Inutilmente as duas linhas encontram-se no infinito
então será tarde demais.


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